Por Dyovana Gomes @fisiodyovanagomes e Mariana Cruz @mari__cruz_
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a reabilitação cardiovascular (RCV) é um conjunto de ações e atividades necessárias para oferecer aos portadores de doenças cardiovasculares condições físicas, mentais e sociais para que através do seu próprio esforço garanta o retorno a vida ativa e produtiva em sociedade. A RCV é comumente dividida em quatro fases, sendo as fases 2 e 3 de caráter ambulatoriais. [1]
Fase 2: o que é, objetivos e pacientes elegíveis:
A fase 2 compreende o período imediatamente após a alta hospitalar, tem duração média de 3 meses e nela são incluídos exercícios programados, de acordo com a condição física e clínica do paciente, e supervisionados por profissionais, preferencialmente, especialistas na área. Essa fase tem objetivo de progredir com os benefícios atingidos na fase 1 e/ou manter os ganhos já obtidos, o que contribui para o retorno as atividades diárias nas melhores condições físicas e emocionais possíveis. Os pacientes elegíveis para essa fase são aqueles que sofreram um evento cardiovascular ou descompensação clínica e pós alta hospitalar foram classificados com maior risco cardiovascular, requerendo maior monitoramento da equipe. [1,2]
Fase 3: o que é, objetivos e pacientes elegíveis:
A fase 3 é oferecida para pacientes que foram liberados da fase 2 ou classificados como de baixo risco cardiovascular. A sua duração é estimada em 3 a 6 meses, mas pode se estender indefinidamente dependendo da condição clínica do paciente. Nessa fase, são executados programas de exercícios aeróbios e/ou resistidos também supervisionados por especialistas na área e tem como objetivos aumentar ou manter a capacidade funcional, continuar com o plano de exercícios, controle da pressão arterial, controle da glicemia e colesterol, controle do peso e adequada nutrição e busca e garante o bem estar psicológico. [1,2]
A estrutura da sessão de exercícios nessa fase pode ser dividida em 3 etapas: 1) Aquecimento – têm duração média de 15 minutos e nele são realizados exercícios terapêuticos (resistência, força, flexibilidade muscular, coordenação e equilíbrio); 2) Resistência – têm tempo de execução de 30 a 40 minutos e nessa fase são realizados exercícios aeróbios e/ou resistidos; 3) Relaxamento – nessa fase são realizadas técnicas de relaxamento e alongamentos com duração de 10 minutos. [1,2]
É importante salientar que, para obter os efeitos pretendidos e garantir a segurança do paciente ao longo da sessão, deve ser feita uma prescrição de exercício criteriosa, a fim de determinar em qual intensidade o treinamento deve ser realizado.
Como monitorar o paciente nas fases 2 e 3?
Existem diversas formas de monitorar o paciente ao longo das sessões, como [1,2]:
Pressão arterial - aferição utilizando um esfigmomanômetros e estetoscópios;
Frequência cardíaca – aferição por meio da palpação de pulso, cardiofrequencímetros e/ou oxímetros digitais);
Glicemia – mensurada por glicosímetros, principalmente em pacientes diabéticos;
Sinais e sintomas – Através da inspeção e do questionamento direto aos pacientes durante a sessão;
Eletrocardiograma – Por meio de eletrocardiógrafos e monitores cardíacos;
Sensação subjetiva de esforço com a utilização da escala de Borg (Considerando valores de 11 a 15 na escala para intensidade moderada.
Outro ponto que devemos nos atentar é o Limiar isquêmico, ou seja, o paciente deve realizar o exercício em uma carga e com uma frequência cardíaca abaixo daquelas que induza sinais clínicos e/ou eletrocardiográficos de isquemia miocárdica durante o esforço. [2]
Centro de Estudos e Atendimento em Fisioterapia e Reabilitação (CEAFIR):
No CEAFIR são atendidos pacientes em fases 2 e 3 da RCV. O centro é uma clínica escola que atende pacientes com diversas doenças cardiovasculares (DCV), e com fatores de riscos para o seu desenvolvimento.
Os atendimentos são realizados de forma gratuita, as segundas, quartas e sextas feiras no período da tarde, através do convênio com o Sistema Único de saúde (SUS). Os atendimentos são feitos por alunos do Curso de Graduação em Fisioterapia e dos Cursos de Pós-Graduação da área (Especialização e Residência), sob supervisão de professores responsáveis pelo Setor de Cardiologia da Universidade.
Referências:
1- Carvalho T, Milani M, Ferraz AS, Silveira AD, Herdy AH, Hossri CAC, et al. Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular – 2020. Arq Bras Cardiol 2020; 114(5):943-987.
2- Herdy AH, López-Jimenez F, Terzic CP, Milani M, Stein R, Carvalho T; Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Sul-Americana de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular. Arq Bras Cardiol 2014; 103(2Supl.1): 1-31.
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