A realidade virtual (RV) é um sistema computadorizado de hardware e software, que gera simulações de ambientes reais ou imaginários com os quais os participantes podem interagir em diferentes níveis de imersão usando seus próprios movimentos. A RV é constituída por imersão, interação e simulação. A imersão se relaciona com o sentimento que o usuário tem de fazer parte do ambiente. Já a interação, está relacionada com a capacidade dos sistemas computadorizados em detectar as ações do usuário e gerar instantaneamente uma resposta no mundo virtual, o que está fortemente ligado à simulação.
Quais são as vantagens da RV?
A RV se destaca pela capacidade de estimular a motivação do paciente e, consequentemente, aumentar a sua aderência ao tratamento. Além disso, ela também apresenta maior diversidade (inúmeras opções de jogos), adaptabilidade (maior potencial de fornecimento de recursos que permitem fácil adaptação ao paciente), transparência para o armazenamento de dados, acesso remoto de dados e economia de escala que utiliza (a RV pode ser aplicada usando diferentes equipamentos, como o smartphone).
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Quais são os tipos de RV?
A RV pode ser classificada como do tipo imersiva, semi-imersiva e não imersiva. Como exemplo da RV imersiva nós temos os simuladores de voo, capacetes e luvas de dados. No tipo semi-imersiva nós temos os óculos de RV e, como exemplo, de RV não-imersiva podemos citar os jogos de computadores e videogames, que são conhecidos como exergames, os quais permitem a mistura entre exercício físico e jogo. Os exergames são o tipo de RV mais utilizado no tratamento fisioterapêutico (imagem: www.youtube.com; www.sitesgoogle.com; www.Buscape.com.br).
Porque utilizar a RV na reabilitação cardiovascular?
De acordo com a literatura, a aderência dos pacientes aos programas de reabilitação cardiovascular (RCV) é um problema. Nesse contexto, o principal objetivo da utilização da RV como uma nova ferramenta para tratamento de cardiopatas é estimular a motivação desses pacientes e, assim, aumentar a aderência aos programas de RCV. Esse aumento de motivação ocorre devido as características lúdicas da RV.
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Avaliando o uso da RV em programas de RCV o Laboratório de Fisiologia do Estresse demonstrou que ela pode sim ser uma nova ferramenta no tratamento de cardiopatas. Em um estudo publicado na revista Archives of Physical Medicine And Rehabilitation, demonstramos que a RV promoveu respostas hemodinâmicas agudas fisiológicas e semelhantes às obtidas em uma sessão de RCV convencional, mas com maior magnitude para frequência cardíaca, frequência respiratória e escala de percepção de esforço de Borg durante a sua execução e até cinco minutos após a interrupção da sessão. Além disso, a RV promoveu intensidade suficiente para que o paciente atingisse sua frequência cardíaca de treinamento.
Em um segundo estudo, publicado na revista Physiotherapy Theory And Practice, também foi demonstrado que as respostas agudas da modulação autonômica cardíaca durante e após a RV também foram mais intensas e semelhantes às obtidas em uma sessão convencional de RCV. Também, observou-se uma adaptação dessas respostas após 12 semanas de treinamento.
Um terceiro estudo publicado recentemente na revista Physical Therapy comprovou a efetividade da inserção da RV em programas de RCV para aumentar a aderência dos pacientes com baixa aderência na fase de manutenção desses programas.
Confira nossos estudos envolvendo realidade virtual!
1. Cruz MMA, Ricci-Vitor AL, Borges GLB, Silva PF, Ribeiro F, Vanderlei LCM. Acute hemodynamic effects of virtual reality based-therapy in patients of cardiovascular rehabilitation: cluster randomized crossover trial. Arch Phys Med Rehabil 2020;101(4):642-649. Doi: 10.1016/j.apmr.2019.12.006.
2. Silva PF, Ricci-Vitor AL, Cruz MMA, Borges GLB, Garner DM, Vanderlei LCM. Comparison of acute response of cardiac autonomic modulation between virtual reality-based therapy and cardiovascular rehabilitation: a cluster-randomized crossover trial. Physiother Theory Pract 2020 Sep 3;1-16. Doi: 10.1080/09593985.2020.1815261.
3. Cruz MMA, Ricci-Vitor AL, Borges GLB, Silva PF, Silva NT, Takahashi C, Grace SL, Vanderlei LCM. A randomized controlled crossover trial of virtual reality in maintenance cardiovascular rehabilitation in a low-resource setting: impact on adherence, motivation and engagement. Phys Ther 2021 Feb 24;pzab071. Doi: 10.1093/ptj/pzab071. Online ahead of print.
4. Silva JPLN, Novaes LFM, Santos LCR, Galindo BP, Cavalcante MA, Araújo BCG et al . Effects of Conventional and Virtual Reality Cardiovascular Rehabilitation in Body Composition and Functional Capacity of Patients with Heart Diseases: Randomized Clinical Trial. Int. J. Cardiovasc. Sci. 2018;31(6):619-629. Doi: 10.5935/2359-4802.20180071.
Outras Referências:
· Benzer W, Rauch B, Schmid J-P, Zwisler AD, Dendale P, Davos CH, et al. Exercise-based cardiac rehabilitation in twelve European countries results of the European cardiac rehabilitation registry. Int J Cardiol 2017 Feb;228:58–67.
· Burdea GC. Virtual rehabilitation--benefits and challenges. Methods Inf Med 2003;42(5):519–23.
· Wilson PN, Foreman N, Stanton D. Virtual reality, disability and rehabilitation. Disabil Rehabil 1997 Jun;19(6):213-20. Doi: 10.3109/09638289709166530.
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