Por Dyovana Gomes (@fisiodyovanagomes) Mariana Cruz (@mari__cruz_)
A HA é uma condição clínica multifatorial caracterizada pela elevação sustentada da pressão arterial. São considerados hipertensos os indivíduos com pressão arterial (PA) sistólica (máxima) ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica (mínima) ≥ 90 mmHg.1 No Brasil, 32,5% da população adulta e mais de 60% da população idosa são consideradas hipertensas e a HA contribuí com aproximadamente 50% das mortes por doenças cardiovasculares.¹
Esta ainda pode ser agravada na presença de distúrbios metabólicos e outros fatores de risco, mantendo associação com eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica.
Fatores de Risco para Hipertensão Arterial:
Diversos fatores de risco (FR) podem estar relacionados à HA¹:
(1) Idade: existe uma relação positiva da HA com a idade, a qual está associada à expectativa de vida e maior população de idosos com mais de 60 anos; (2) Sexo/etnia: estudos indicam uma maior ocorrência de HA entre o sexo feminino e pessoas de raça negra/ cor preta; (3) Excesso de peso/obesidade: também existe uma relação positiva entre o excesso de peso e a HÁ; (4) Ingestão de sal (sódio): considerado um dos principais FR para HA e está ligado a eventos cardiovasculares e renais. Estima-se que o brasileiro consome mais de duas vezes a quantidade recomendada de sal; (5) Ingestão de álcool: o consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a pressão arterial. Atenção - Pesquisas indicam que o abuso de álcool está frequentemente relacionado a populações mais jovens com alta escolaridade; (6) Sedentarismo: observa-se significativa associação da HA com indivíduos que não realizam pelo menos 150 minutos semanais de atividade física considerando o lazer, o trabalho e o deslocamento; (7) fatores socioeconômicos: populações com menor nível de escolaridade apresentam maior prevalência de HA; (8) genética.
Para prevenção do desenvolvimento da HA são necessárias estratégias e políticas públicas de saúde que visem ações dos profissionais de saúde e dos meios de comunicação com objetivo de incentivar o controle dos fatores de risco comportamentais por meio de mudança de estilo de vida como, por exemplo, a prática regular de exercícios físicos e bons hábitos alimentares.
Tratamentos da hipertensão
O tratamento da hipertensão arterial pode ser realizado por medicamentos e/ou mudanças no estilo de vida, dentre os quais a cessação do tabagismo, alimentação saudável com menor ingestão de sal, e maior ingestão de alimentos ricos em potássio, redução no consumo de bebidas alcoólicas, controle do peso e a prática de exercícios físicos.¹
Especificamente em relação ao exercício físico, a Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular recomenda que pacientes hipertensos realizem 150 minutos por semana de atividade aeróbia de moderada a alta intensidade associada a exercícios resistidos de 2 a 3 vezes por semana.
Reabilitação cardiovascular (RCV) e hipertensão
Programas de reabilitação cardiovascular promovem diversos benefícios para indivíduos com HA que auxiliam na redução da PA, dentre eles: a correção da disfunção barorreflexa, aumento dos tônus vagal, diminuição da atividade simpática e redução da resistência vascular periférica. Além disso, o exercício físico realizado nesses programas promove adaptações vasculares que diminui a rigidez arterial, promove angiogênese e estimula o tecido endotelial dos vasos sanguíneos, aumentando a produção de enzimas antioxidantes e agentes vasodilatadores, além de diminuir a ação dos radicais livres, citocinas pró-inflamatórias e dos agentes vasoconstritores.²
A prática de exercícios tanto aeróbios quanto resistidos dinâmicos possui efeito anti-hipertensivo. Estudos demonstram que exercícios aeróbios podem causar uma redução média de 8,3 mmHg na PA sistólica e de 5,2 mmHg na PA diastólica.
Durante a sessão de um programa de reabilitação cardiovascular o fisioterapeuta deverá monitorar a PA para que o exercício seja feito de forma segura e eficaz, em todas as etapas de treinamento e de acordo com a prescrição de exercício individualizada.²
Referências
1. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol 2021; 116(3):516-658
2. Carvalho T, Milani M, Ferraz AS, Silveira AD, Herdy AH, Hossri CAC, et al. Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular – 2020. Arq Bras Cardiol 2020; 114(5):943-987.
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