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MODULAÇÃO AUTONÔMICA NA DOENÇA DE PARKINSON


A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela morte dos neurônios da substância negra pars compacta. Apesar de ser conhecida pelos distúrbios motores, como a bradicinesia e o tremor de repouso, a doença de Parkinson está também associada a diversas alterações não-motoras.

A disfunção autonômica, por exemplo, é comum na doença de Parkinson, e promove desregulação cardiovascular, distúrbios urinários, disfunção sexual, dentre uma série de outras categorias de sintomas (Figura 1).

Figura 1. Distribuição e frequência dos sintomas disautonômicos em pacientes com doença de Parkinson.

Fonte: Chen Z, Li G, Liu J. Autonomic dysfunction in Parkinson’s disease: implications for pathophysiology, diagnosis, and treatment. Neurobiol Dis. 2020;134:104700.


A desregulação autonômica cardiovascular deve-se ao envolvimento tanto das vias autonômicas centrais quanto periféricas, e está relacionada a menor sobrevida e redução da qualidade de vida dos indivíduos com doença de Parkinson.

Tendo em vista que o Sistema Nervoso Autônomo é responsável por parte do controle das funções internas do corpo, e que indivíduos com doença de Parkinson que apresentam disfunção autonômica podem ter seu desempenho funcional prejudicado mais rapidamente, avaliar a modulação autonômica desses indivíduos é importante.


Como a modulação autonômica pode ser avaliada?

A modulação autonômica pode ser avaliada por meio da Variabilidade da Frequência Cardíaca, uma técnica simples e não-invasiva que avalia as oscilações entre os batimentos cardíacos consecutivos (intervalos R-R) (Figura 2).

Figura 2. Ilustração das oscilações entre os batimentos cardíacos consecutivos.

Fonte: https://www.danielleal.pt/a-variabilidade-da-frequencia-cardiaca-e-o-sistema-nervoso-autonomo/


Para saber mais, confira o nosso post sobre Variabilidade da Frequência Cardíaca pelo link: https://labdoestresse.wixsite.com/labdoestresse/post/voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9-variabilidade-frequ%C3%AAncia-card%C3%ADaca.


A modulação autonômica também pode ser avaliada durante a realização de testes autonômicos, como a Manobra de Valsalva, o Teste de Preensão Palmar e o Tilt test (Figura 3). Esses testes são caracterizados pela aplicação de um estímulo e, em seguida, na observação da resposta fisiológica do órgão alvo de um reflexo autonômico conhecido, e podem auxiliar no diagnóstico de disfunções autonômicas, sua distribuição e gravidade.

Figura 3. Ilustração da realização do Tilt test.

Fonte: http://www.cdcenter.com.br/servicos/tilt-test/


O que a literatura diz sobre a modulação autonômica na doença de Parkinson?

Um estudo publicado recentemente na revista Arquivos de Neuro-psiquiatria pelo nosso grupo demonstrou que indivíduos com doença de Parkinson possuem redução da modulação autonômica parassimpática e da variabilidade global em comparação a indivíduos sem a doença, independentemente do sexo, idade e índice de massa corporal. Além disso, em outro estudo aceito pela mesma revista foi demonstrado que a doença de Parkinson influencia a modulação autonômica, independente do tempo de diagnóstico.

Já em um terceiro realizado pelo nosso grupo, que também foi aceito pela revista Arquivos de Neuro-psiquiatria, e teve como um dos objetivos “analisar e comparar as respostas autonômicas, avaliadas por meio da variabilidade da frequência cardíaca em indivíduos com e sem doença de Parkinson durante um teste de mudança postural ativa”, observou-se que indivíduos com doença de Parkinson apresentam redução da resposta parassimpática ao realizar o Tilt Test ativo, em comparação aos controles, demonstrando que os ajustes autonômicos estão comprometidos em indivíduos com a doença frente a uma mudança postural.


Confira o nosso estudo publicado sobre a avaliação da modulação autonômica na doença de Parkinson!

Stoco-Oliveira MC, Ricci-Vitor AL, Vanzella LM, Valente HB, Silva VES, André LB et al. Parkinson’s disease effect on autonomic modulation: an analysis using geometric indices. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2021;79(2):114-21. DOI: 10.1590/0004-282X-anp-2020-0088.


Ah, os artigos do nosso grupo:

Valente HB, Gervazoni NL, Laurino MJL, Vanzella LM, Stoco-Oliveira MC, Rodrigues MV et al. Autonomic and cardiorespiratory responses to the active Tilt Test in individuals with Parkinson disease: cross-sectional study. Arq. Neuro-Psiquiatr. No prelo.

&

Stoco-Oliveira MC, Valentea HB, Vanzella LM, André LB, Rodrigues MV, Vanderlei FM et al. Does diagnosis time in Parkinson’s disease influence the heart rate variability? A cross-section study. Arq. Neuro-Psiquiatr. No prelo.


Serão publicados nos próximos volumes da revista Arquivos de Neuro-psiquiatria! Fique ligado!

 

Referências:

1. Kalia LV, Lang AE. Parkinson's disease. Lancet. 2015;386(9996):896-912.

2. Poewe W, Seppi K, Tanner CM, Halliday GM, Brundin P, Volkmann J et al. Parkinson disease. Nat Rev Dis Primers. 2017;3:17013.

3. Chen Z, Li G, Liu J. Autonomic dysfunction in Parkinson’s disease: implications for pathophysiology, diagnosis, and treatment. Neurobiol Dis. 2020;134:104700.

4. Jain S, Siegle GJ, Gu C, Moore CG, Ivanco LS, Jennings JR. Autonomic insufficiency in pupillary and cardiovascular systems in Parkinson's disease. Parkinsonism Relat Disord. 2011;17(2):119-22.

5. Lucetti C, Gambaccini G, Del Dotto P, Ceravolo R, Logi C, Rossi G, et al. Long-term clinical evaluation in patients with Parkinson’s disease and early autonomic involvement. Parkinsonism Relat Disord. 2006;12:279-83.

6. Vanderlei LCM, Pastre CM, Hoshi RA, Carvalho TD, Godoy MF. Noções básicas de variabilidade da frequência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(2):205-17.

 

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